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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Combustíveis voltam a gamar





O preço da gasolina e do gasóleo em Portugal volta a aumentar, pela segunda vez numa semana, sendo o aumento de três cêntimos por litro.

O preço da gasolina vai passar a custar mais de 1,60 euros por litro, enquanto o preço do litro de gasóleo vai encarecer para cima de 1,40 euros.

A diferença para as gasolineiras dos hipers, que também têm subido os preços, continua na ordem dos 10 cêntimos por litro, tanto na gasolina como no gasóleo.


Significado de Gamar: Furtar com subtileza.
Jornalistas de Sofá

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ainda o "jornalismo cidadão", o caos informativo e a visão de Michael Schudson

Li com grande interesse o post que a Vanessa Quitério escreveu aqui há poucos dias sobre o “jornalismo cidadão”, bem como os comentários que gerou e o post do João Monge sobre a reportagem da Rita Colaço na RTP. Num dos comentários ao primeiro, afirmava-se que não existe “jornalismo cidadão”. No fundo, consigo concordar e entender muito bem o excelente texto da Vanessa, como entendo também muito bem o referido comentário. E atrevo-me a resumir ambos numa frase: “jornalismo é jornalismo”.
Sempre rejeitei a ideia de que havia vários tipos de jornalismo e mesmo que existisse bom e mau jornalismo. Na verdade, aquilo a que muitos chamam o mau jornalismo, não é sequer jornalismo, pois não existe entre os textos ou peças em causa qualquer comprometimento com a verdade, com o rigor e com o interesse público que caracterizam o jornalismo e, no fundo, a notícia. Nesse sentido, o tal “jornalismo cidadão” não existe, porquanto não é possível garantir a presença desses ingredientes fundamentais, ainda que pontualmente ou sempre, possam até existir.
Dito de outra forma, podemos aceitar que um curandeiro ou “endireita” nos resolva melhor certo tipo problema de saúde, mas dificilmente poderemos catalogar a sua actividade como sendo medicina. Não se confundam estas minhas palavras com qualquer fundamentalismo. Ou seja, de princípio, nada tenho contra quem escreve nos blogs - tanto mais que estou entre esses - e não me custa a aceitar que a informação de alguns blogs seja, afinal, muito relevante e credível. Não aceitar esta actividade como legítima e saudável, seria não aceitar os mais elementares princípios da liberdade de expressão. E não aceitar o seu valor informativo, seria imprudente.
O problema parece, por isso, resumir-se à rotulagem da actividade de “bloggers” como eu ou como a Vanessa Quitério, sejam eles portadores de formação ou carteira profissional ou não. Melhor dizendo, o problema do "jornalismo de sofá" reside na sua certificação. Só que a questão da rotulagem ou certificação não é uma questão menor e chamar “jornalismo” – ainda que acrescentando o termo “cidadão” – pode ser perigoso. E é por isso que a Vanessa, o promotor deste blog e todos os que quiserem meditar e debater este assunto, como estamos aqui a fazer, prestam um relevante serviço.
Há uns tempos, ouvi uma excelente entrevista ao sociólogo e historiador do jornalismo Michael Schudson, onde este faz uma extraordinária reflexão acerca do jornalismo de hoje, face ao jornalismo de antigamente. Um dos problemas que este autor norte-americano identifica está, precisamente, na incapacidade das novas gerações para distinguirem os vários níveis de informação. Nomeadamente, a informação que resulta de “talk-shows” e a que resulta de noticiários. Diz este sociólogo sobre o assunto, que as mais recentes gerações não conseguem sequer distinguir entre a informação veiculada em crónica de opinião e a informação jornalística e noticiosa.
As explicações de Michael Schudson para este fenómeno são várias. A principal das quais tem a ver com a profusão de meios e veículos de comunicação que existem hoje, com o excesso de fontes e com a necessidade permanente de gerar “notícia”. Os portais de notícias, blogs, redes sociais, rádios de informação e TV’s de informação que hoje existem no éter e no cabo, obrigam-se a um ritmo informativo tão frenético que, a dada altura, não existe informação realmente relevante (a notícia) para abrir o noticiário ou para colocar em manchete. Assim, mesmo aquilo que não deveria ser notícia (ou se quisermos, aquilo que realmente não é notícia), acaba por ser destaque em jornais, sites, blogs e noticiários. Diz o autor que, em rigor, quando não houvesse notícia, os jornais deveriam assumi-lo, escrevendo: “hoje não aconteceu nada de especial”.
O ritmo informativo dos nossos dias acaba por ser maior do que o ritmo do Mundo e da nossa própria mente e, a dada altura, o "fait-divers" ou a "não notícia" salta para a primeira página, com grande facilidade, simplesmente, por não haver verdadeiro notícia para lá colocar.
Se fizermos uma busca de determinado assunto no Google, que hoje é barómetros de biliões – e também dos jornalistas, como há dias aqui escrevi no meu post de abertura deste blog – o resultado é apresentado não pela ordem de credibilidade, de sustentação deontológica ou de rigor, mas pela ordem do interesse do público e do número de “cliques” que o link já gerou. A informação difundida pelo “jornalista cidadão”, às vezes anónimo e não escrutinável, pode aparecer-nos à frente da “verdade jornalística”, sedimentada e sustentada em formação, legislação e deontologia. E o pior é que as duas concorrem sem valoração do meio que as difunde.
Por tudo isso, não me preocupa tanto que todos nós assumamos o papel do “denunciador”, do “informador”, da “fonte” e do “opinador”. Mas chamarmos-lhe “jornalismo” apenas pode contribuir para fomentar a confusão que hoje está instalada na consciência colectiva acerca do que é, realmente notícia. Confusão que não afecta apenas o receptor, mas que provoca danos no emissor. Se os blogs estão a ficar cada vez mais parecidos com órgãos de informação jornalística, a verdade é que também os jornais, portais e noticiários estão cada vez mais parecidos com blogs, no melhor – eventualmente – e no pior – certamente!
Diz Michael Schudson que a profusão de meios não melhora a nossa capacidade de pesquisa da informação: “quanto mais sítios tivermos para procurar, mais difícil será encontrarmos o que realmente queremos e o que realmente interessa” e diz também que "não há informação suficiente para alimentar as manchetes dos portais de informação, que mudam minuto a minuto".
O quadro traçado por Schudson está correcto, em minha opinião. Aquilo que aparentemente poderia significar mais acesso à informação e mais diversidade, acaba por aumentar a entropia e afunilar a informação para os temas que vendem, confundindo-os com os que realmente possuem conteúdo informativo de interesse público.
Se deveremos deixar de escrever posts como os nossos em blogs como este? Claro que não. Mas à medida que aumenta a entropia para a qual contribuo alegremente neste blog, no twitter e no facebook, deveria aumentar o rigor das chefias dos ditos órgãos de informação jornalística na escolha da informação, da manchete, da primeira página e distinguir-se claramente o jornalismo do resto que aqui fazemos... "open source" ou não!
Contudo, não é o que acontece. Hoje, na ânsia de vender papel, um “alegadamente, a fonte terá alegado” ou um “possivelmente poderá ter acontecido”, são manchete e atiram para as primeiras páginas notícias cor-de-rosa ou simplesmente negras que, além do mais, estão a matar o jornalismo e, pelo caminho, às vezes destroem vidas.

Oiça aqui a entrevista a Michael Schudson

domingo, 4 de abril de 2010

Indagações sobre o Jornalismo Cidadão e seus derivados

Lanço-me sempre em indagações quando me vejo forçada a pensar nesta questão do Jornalismo Cidadão, Participativo, Colaborativo ou Open Source.

Como jornalista - ainda só de diploma académico e com a experiência de estágio curricular no Jornal Público e de colaboração durante dois anos no Jornal Universitário de Coimbra A Cabra, questiono-me frequentemente sobre a veiculação dos conteúdos produzidos por jornalistas cidadãos.

Hoje em dia qualquer um de nós tem um blogue, uma conta no twitter ou no Facebook, galeria no Flirck ou em outras plataformas online. Qualquer pessoa envia uma sms aquando de uma situação mais sui generis, mais caótica ou mediática, colocando na sua rede a instantânea realidade em que vivemos. Estamos na Aldeia Global, já assim o referia McLuhan, teórico do Meio e a Mensagem.

Contudo é irremediavelmente difícil dissociar a realidade noticiosa do seu público, a razão de ser de qualquer trabalho jornalístico. Agimos em conformidade com o tecido social e em detrimento do rigor e da verdade da informação. E somos veiculados pelos órgãos de comunicação social que integramos e pelo nome e trabalho que criamos com o rigor devido.

Desta forma, como é que descalçamos esta bota da certificação do Jornalismo Cidadão, Participativo, Colaborativo ou Open Source? Será que podemos só resumir esta acção à participação nos espaços de opinião, na partilha de fotos e escolha a serem abordados?

O dar a conhecer a nossa realidade, o que acontece no nosso bairro ou cidade já é uma acção de cidadania. É já uma partilha de informação se for tida em conta a força crescente das redes sociais e da blogosfera, espaços de intervenção individual mas que só ganham contexto na esfera comunitária.

Esta análise ao Jornalismo Cidadão, Participativo, Colaborativo ou Open Source assenta também em outra questão: a gestão dos conteúdos criados por jornalistas não profissionais. A prática jornalística certificada regula-se por um mecanismo instituído, pela reiteração no cruzamento de fontes e audição do contraditório, valores éticos e edição segundo um código deontológico.

Por isso, a meu ver, estes novos conteúdos criados e partilhados pelos novos actores da prática informativa estão desfasados de consciência profissional. Mesmo sendo face crítica e cooperante da construção da realidade em que vivemos, estão longe da certificação típica de um jornalista como o conhecemos.

Termino com o seguinte exemplo: uma pessoa que se desloque de bicicleta e que não tenha carta de condução, vê a sua mobilidade de forma distorcida, em relação às regras da estrada, apreendidas pela pessoa que tenha habilitação de condução. Não se apercebe da regra de cedência à direita e, por exemplo, do significado da vasta e diferente sinalização.

Agora coloquem o exemplo na análise ao tema do Jornalista Cidadão versus Jornalista Profissional. Fico à espera das vossas opiniões.

terça-feira, 30 de março de 2010

Jornalismo cidadão

Jornalismo Cidadão, ou Jornalismo Colaborativo, Jornalismo Open Source ou ainda Jornalismo Participativo é uma idéia de jornalismo na qual o conteúdo (texto + imagem + som + vídeo) é produzido por cidadãos sem formação jornalística, em colaboração com jornalistas profissionais. Esta prática se caracteriza pela maior liberdade na produção e veiculação de notícias, já que não exige formação específica em jornalismo para os indivíduos que a executam.




A própria estrutura sobre a qual é construída a notícia pode, assim, variar, fugindo dos padrões aceitos no jornalismo tradicional, tais como o lead e a pirâmide invertida. Neste caso, o relato em primeira pessoa, repudiado no jornalismo tradicional, é bem aceito e até indicado nas reportagens produzidas sob o modelo colaborativo de jornalismo. Mas, por outro lado, assim como outros sistemas colaborativos (como o wiki), carece de precisão e controle de qualidade sobre o conteúdo publicado. Esse gerenciamento é, geralmente, feito por jornalistas profissionais, que assumem as tarefas de edição do espaço.



O Jornalismo Cidadão ganhou força nos últimos anos a partir do advento das ferramentas de edição e publicação na internet como wikis, blogs e a popularização dos celulares equipados com câmeras digitais, além de outras novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs).



Deve-se atentar que Jornalismo Cidadão não é sinônimo de Jornalismo cívico, que é o jornalismo profissional caracterizado pela cobertura jornalística dos veículos de imprensa voltada para o cidadão.



Outros termos para Jornalismo Cidadão são o original em inglês citizen journalism, networked journalism (jornalismo em rede), grassroots journalism (jornalismo de raiz), jornalismo amador, jornalismo participativo, jornalismo colaborativo ou jornalismo open source.



Jornalismo colaborativo prima pela maior participação da audiência na produção de conteúdo, sobretudo na internet. Essa nova maneira do “fazer jornalístico” exige do jornalista que ele tenha capacidade de fazer parte do processo onde não mais existe um comunicador e a massa receptora de informação.



A incipiente da trajetória do jornalismo colaborativo ainda levanta dúvidas de como esse modelo dever ser adotado pelos grandes veículos de comunicação. Muitos deles, inclusive, ainda tem dificuldade de lidar com a participação da audiência. No entandto, grandes portais brasileiros de notícias utilizam fotos, vídeos e até mesmo textos enviados pelos internautas. A jornalista Ana Brambila entede que “a falta de um modelo ocasionada pela novidade da prática flexibiliza a proposta editorial de cada veículo. No entanto, todos já concordam com uma premissa: o filtro da redação.”