Os ecologistas cometeram vários erros de comunicação. Desde logo, o de tentarem assustar as pessoas com imagens apocalípticas. Não há pior comunicação do que a comunicação do medo. O medo é inimigo da boa comunicação e da credibilidade. Sobretudo, quando os efeitos daquilo que motiva a mensagem são pouco perceptíveis nos tempos mais próximos ou há boas probabilidades de não virem a ser sentidos (como é bom exemplo o caso da Gripe A, cujas consequências da forma irresponsável como foi comunicada, havemos de pagar caro quando houver, efectivamente, um problema grave de saúde pública).
No caso das alterações climáticas pelas quais o planeta está a passar, os efeitos mais visíveis, inequívocos e realmente assustadores acontecerão, sobretudo, numa altura em que provavelmente serão já irreversíveis. Logo, assustar a opinião pública numa época em que a informação se mede ao segundo, dá mau resultado. As consequências daquilo que se anuncia não obedecem ao mesmo ritmo da informação e, logo, resulta em descrédito.
Se me assustarem com o apocalipse e ele não acontecer hoje, amanhã ou depois de amanhã, deixo de acreditar que alguma vez aconteça: a não ser que me marquem um dia e hora exactos para o terrível evento, o que neste caso não é possível.
O outro erro cometido pela comunicação dos ecologistas foi terem falado em “aquecimento global”. Quando falam de “aquecimento global”, os ecologistas referem-se à temperatura média da atmosfera terrestre. Mesmo que estejamos a falar de 1 grau de elevação da temperatura média as consequências podem ser graves. Contudo, um grau de elevação de temperatura não é perceptível, nem em termos absolutos e muito menos quando falamos de temperatura média do globo.
Este discurso baseado no chavão do “aquecimento global” é ainda mais fatal quando se sabe que a consequência desse aquecimento é precisamente o aumento de fenómenos extremos, como nevar em zonas onde não era habitual ou chover intensamente noutros locais e em épocas secas. Estas duas consequências atmosféricas são muito mais perceptíveis do que serão um, dois ou até mais graus de elevação de temperatura média. Contudo, chuva e neve não jogam bem com “aquecimento global”.
Os ecologistas e as organizações ecologistas já perceberam este erro de comunicação e tentam agora realinhar o discurso introduzindo o termos mais correcto de “alterações climáticas”. Contudo, é difícil alterar um conceito que estava já enraizado na opinião pública e a mudança de “discurso” também não ajuda à credibilidade de uma mensagem.
A ideia do “aquecimento global” e a imagem apocalíptica que alguns procuraram gerar à sua volta não parecem ter sido, por isso, boas jogadas do ponto de vista da comunicação. Os defensores da ideia de que a coisa ecológica apenas serve para prejudicar a economia aproveitaram bem esse erro para ridicularizar o assunto e aproveitaram até os tais fenómenos extremos de frio para mostrar que, afinal, estamos é a arrefecer.
Mas, independentemente dos erros de comunicação que terão ou não cometido os ecologistas, a verdade só pode ser uma de duas: ou estamos ou não estamos a destruir o planeta com o excesso de CO2 na atmosfera.
No que me diz respeito, mais do que entrar ou gerar o pânico, apetece-me apelar a que, havendo dúvidas, se jogue pelo seguro. Afinal, a estarem errados, prefiro que estejam errados os que traçam os piores cenários. Mas o facto de não me agradarem cenários apocalípticos, não me pode retirar o discernimento de, pelo menos, dar benefício da dúvida a quem o merece e diz estarmos próximos do “ponto de não retorno”.
Na verdade – e sem capacidade científica para discernir entre quem tem razão: pessimistas ou optimistas –, parece-me menos grave se a humanidade cometer o excesso de tornar a economia mundial menos competitiva para que se trave a poluição desenfreada, do que se cometa a omissão de nada fazer e deixar, eventualmente, chegar o dia em que a natureza dê razão aos pessimistas… tarde de mais.
Sugestão de links: www.350.org/ e www.earth-condominium.com/pt/
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