terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não tendo nunca votado em Sócrates, posso-me arrepender disso. O que não posso é arrepender-me de alguma vez o ter feito. O que deve ser horrível.

Ao contrário da maioria dos portugueses, eu nunca votei no Sócrates. Aliás, nunca votei no PS. Arrependo-me muito. Porque, na verdade, se tivesse votado no Sócrates hoje estaríamos bem. Se tivesse votado em Sócrates, além da melhor rede de auto-estradas da Europa – muitas à borla, como lhe ensinou Guterres – teríamos também as melhores escolas do Mundo, com mármores e ar condicionado de luxo. Aliás, uma parte delas é assim. Outra parte não, porque Sócrates foi embora em 2011. Também teríamos a melhor indústria automóvel do Mundo. Lembro-me como numa penada e em mais um anúncio mediático, despejou mil milhões para formação neste setor. Não sei onde estão. Teríamos igualmente um défice fantástico, mas isso não interessa, porque teríamos também TGV Lisboa-Porto, TGV Porto-Vigo, TGV Lisboa-Poceirão e TGV Poceirão-Espanha. Teríamos ainda um aeroporto internacional em Alcochete, bem pertinho do Freeport e um túnel por baixo do Tejo e mais uma ponte para o TGV passar o rio. Teríamos base logística na Ota, para compensar a perda, e várias auto-estradas paralelas entre Lisboa e Porto, para passar em todos estes lugares. Além de Beja, outras cidades do interior teriam aeroportos maravilhosos, lindos, também com mármores e outras coisas luxuosas. O mais incrível é que com um simples PCE4, Sócrates teria resolvido todo o endividamento provocado pelo que fez e pelo que ainda iria fazer. A dívida soberana não seria hoje nem dos 80 mil milhões com que entrou nem dos 170 mil milhões que nos deixou quando saiu. A dívida externa, na verdade, não seria nenhuma, pois não a teríamos pago. Se eu tivesse votado em Sócrates, talvez António José Seguro, continuasse calado na última fila da bancada do PS, onde secretamente continuaria a ganhar o seu ordenado de deputado e isso era muito bom, pois escusava de o ouvir. Talvez, se eu não tivesse acreditado que Manuela Ferreira Leite tinha razão em 2009 – ao contrário da maioria dos portugueses –, pudesse ter ajudado Sócrates a ter maioria nessas eleições e ainda hoje governasse, com Lino, Campos e Teixeira dos Santos. Talvez ninguém tenha razão numa casa onde não há pão. Mas eu, mesmo não tendo nunca votado em Sócrates, posso-me arrepender disso. O que não posso é arrepender-me de alguma vez o ter feito. O que deve ser horrível.

 

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