segunda-feira, 19 de março de 2012

CARTAZ APELA À GREVE E... À MORTE!

Apelar por um “governo democrático” no mesmo cartaz em que se advoga a “morte” de alguém é mais ou menos a mesma coisa que pedir o regresso aos tempos bárbaros em que a alternância do poder se fazia à lei da espada ou do tiro. De facto, por mais que tenham passado quase quatro décadas desde que caiu o Estado Novo e já mais de duas sobre a queda do muro de Berlim, há em Portugal quem ainda não tenha aprendido o que é isso da democracia e continue, a coberto dos brandos costumes da Justiça portuguesa, a fazer mais ou menos o que quer. Esta confissão de desejos recalcados da extrema-esquerda, para quem continua em Portugal a residir uma complacência que não existe para a extrema-direita, é reveladora do que um certo setor da sociedade portuguesa grevista pensa dos direitos que a democracia que critica lhe deram: pensa que a greve é, em si, um bem, mais valioso até do que o direito a trabalhar. Só assim se explica que um cartaz que apela à greve não faça qualquer referência aos motivos, nem ao desemprego nem à diminuição do nível de vida da classe média. Com efeito, o espaço estava ocupado por apelos de morte que, a não ser que sejam mesmo genuínos, apenas se podem explicar-se pelo desejo recalcado de boa parte da oposição de ter em Portugal a violência nas ruas que tanto lhe daria razão sobre… sermos iguais à Grécia. No meio de tanta incompetência na elaboração de um cartaz político, sobra, contudo, uma virtude: se como em 1980 cair um avião com um ou mais governantes lá dentro, poderemos nunca vir a saber quem foi o autor do atentado, mas pelo menos desta vez, há uma pista a seguir e uma assinatura política explícita.

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