Dois jornais desportivos têm hoje o mesmo título: “O Título pelo
Canudo”. Não é nem inédito nem sequer pouco frequente. Os títulos, as
fotos e sobretudo a notícia dos jornais portugueses (não apenas os
desportivos) são frequentemente “clonados”, o que não apenas demonstra
alguma falta de imaginação mas, pior, uma preocupante tendência para a
“agenda”. A “agenda”, que é aquilo que acontece e já se sabia que ia
acontecer – embora nem sempre se sabendo como e qual o desfecho – é
muito pouco notícia. Notícia é o que não se esperava que acontecesse.
Como escreveu Ted Turner, é quando carregamos no interruptor e a luz não
acende. Os jornais portugueses, mas também as TV’s e as rádios passam
os dias atrás das luzes que acendem quando se carrega nos interruptores,
contam o sucedido da mesma maneira e procuram os mais óbvios ou – pior
do que isso – sensacionalistas títulos para dar a ideia de que houve
notícia. Os exemplos são demasiados para ter que reproduzir aqui algum.
Deixo apenas a reflexão sobre porque razão em Portugal se lê tão pouco a
imprensa e se esse facto não resulta, precisamente, do que atrás
escrevi.
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