Não compreendo como alguns conseguem passar quatro horas a comentar uma
comunicação com a duração de quatro minutos. Tanto mais quando a única
coisa que há a perguntar sobre a comunicação do Presidente da República é
por que razão o próprio decidiu que
este seu segundo mandato seria uma “magistratura ativa”. Depreende-se,
pois, que o primeiro (quando quase todos os males aconteceram) foi de
“magistratura passiva”. Mas se o anterior mandato foi de desvario, com
“o país a viver acima das suas possibilidades”, então só se pode
perceber as diferenças de atividade entre as “magistraturas” do primeiro
e do segundo mandato do senhor Presidente se pensamos nelas não no
quadro do interesse do país mas sim no quadro do interesse eleitoral do
próprio. A pergunta que se coloca é, pois, se Portugal, além de ter maus
Governos, aguenta ter Presidentes da República que gerem a sua
“atividade” e o seu nível de intervenção política em função de estarem
no primeiro ou no segundo (e último mandato). É que se assim é – e
partindo do princípio que um Presidente ativo é melhor do que um passivo
– então mais valeria acabar com a possibilidade de se recandidatarem.
Estaríamos, pois, sempre no último mandato, sempre ativos, portanto.
Sempre felizes, com um bom presidente e escusávamos de passar por
mandatos tão maus como o primeiro mandato de Cavaco Silva, que assistiu
passivamente à delapidação do país por um Governo que se sabia ser
irresponsável.
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