sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

"Agora é a nossa vez"


Na última campanha autárquica conheci um triste candidato socialista que espalhou pelo município onde era concorria oposição o seguinte slogan: “Agora é a nossa vez!”. O candidato, que até era assessor de José Sócrates, e ainda há dias voltou a ser notícia pelos maus motivos, chegou a mandar cantar uma música ao Toy, que ecoou durante semanas pelas ruas do município, com o refrão “agora é a nossa vez! PS!”. Nas urnas, o resultado foi de 18% e a vez do PS naquele município teve que ficar para outra altura… ou para nunca.

Este slogan – e mais do que ele, a postura – bem poderia ilustrar a forma como o PS Nacional olha para a governação e olha para os eleitores como autómatos da alternância democrática.

Depois de meses em que António José Seguro foi usado para atirar pedras a Passos Coelho (ou apenas areias, talvez), pensou a máquina socialista que era chegada a altura de substituí-lo. O raciocínio é simples: já usámos o rapaz, o ciclo político do sacrifício e do trabalho sujo do PSD está a chegar ao fim, e há que posicionar alguém para ser o próximo Primeiro-Ministro.

Há duas coisas que escapam, contudo a este PS que dá o poder como destino certo para o seu próximo líder. Uma delas é que o espetáculo triste que a luta fratricida pelo poder interno está a dar é capaz de não ser o mais avisado. Sobretudo num momento em que o partido se deveria estar a posicionar como uma verdadeira alternativa credível e estável. A outra é que, ao fim de quase quatro décadas de democracia – e como se provou nas últimas eleições – o povo começa a não acreditar em cantigas, muito menos das que são cantadas por cantores “Pimba”.

É bom, pois, que bases, dirigentes, autarcas e “históricos” do PS acordem e tenham consciência que, depois de Sócrates e do período duríssimo pelo qual o País está a passar, vai ser preciso mais do que ser a única alternativa e esperar pela alternância. Desta vez, mais do que nunca, o PS vai ter que apresentar propostas concretas e realistas aos portugueses, sob pena de se ficar, como no tal município, pela propaganda, fora do poder. E, por este andar, é o mais certo que terá.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário