quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O logótipo da greve ou a greve como um modo de vida

A política não é a preto e branco. O bem e o mal não estão de um lado ou de outro. Gosto de acreditar que qualquer ideologia procura atingir o mesmo fim, escolhendo contudo caminhos diferentes. E é aqui que residem as mais flagrantes incongruências da esquerda. Ou pelo menos da esquerda portuguesa cuja expressão máxima é, nesta altura, expressa não por qualquer partido político, mas pela CGTP. O caminho contra o capitalismo, contra os patrões e pelos direitos dos trabalhadores faz-se, contudo, com recurso aos mais básicos "truques" das sociedades capitalistas. Fá-lo em nome de valores de esquerda e dos direitos dos trabalhadores, mas usa os mais capitalistas padrões dos donos do capital e das multinacionais. A greve-geral, recurso extremo dos que deveriam defender o trabalho – pois os trabalhadores só poderão ser defendidos se for defendido o trabalho – até já tem um logótipo, qual MacDonalds, qual Pingo Doce.  A greve-geral não é, pois, apenas um instrumento de revindicação dos trabalhadores, mas uma verdadeira forma de vida dos sindicalistas. Estou certo que, algures na secretária de Arménio Carlos haverá também um manual de normas de comunicação, uma palete cromática a usar nos suportes de comunicação dos manifestantes e um argumentário cheio de “soundbites” ditados por um agência de comunicação, formal ou informal. Tal e qual o que existe na de Belmiro de Azevedo. Fica-me só uma pergunta: o que seria da greve sem austeridade, cortes de salários e mais impostos? E o que seria desta gente sem greve? O que seria da esquerda sem o capitalismo, os seus vícios e recursos? Nada!

 

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