segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Em Berlim, sê berlinense


Sobre a ideia de andar a mostrar vídeos aos alemães, devo dizer que considero uma ideia um pouco bacoca e até insultuosa à diplomacia nacional. Os alemães, em particular a Sra. Merkle, sabem bem o que aqui se passa e conhecem bem a nossa história. Tanto a gloriosa de outros tempos, como a mais triste e contemporânea. Mas mais bacoco do que fazer filmes desses é querer mostrá-los no Sony Center de Berlim. Só quem nunca lá tenha estado pode achar que seria útil ter ali um vídeo político a passar e só quem não tenha percebido o estilo de vida muito peculiar dos berlinenses poderia acreditar que algum deles iria dedicar um segundo que fosse ao assunto. Depois de visitar Berlim há menos de um ano, ficou-me a ideia de que aquela gente se importa muito pouco com o resto do Mundo ou mesmo da Europa. É uma cidade onde não há uma palavra escrita em inglês, nem no Metro, nem nos melhores restaurantes e nem sequer em museus. Os berlinenses convivem com os anacronismos da sua cidade e da sua história muito recente com níveis de adaptação e encaixe notáveis e uma enorme tolerância em relação a crenças, sexo, etnias ou origens. No primeiro dia de estadia irritei-me, até, com aquilo que identifiquei como sendo uma "cidade arrogante", mas saí de lá com a convicção de que apenas querem e sabem viver a vida como ninguém: com festa, qualidade, tolerância e segurança. Espetar com um vídeo sobre os "coitadinhos do Sul" da Sra. Merkle num local de evasão, compras e lazer é uma ideia tão peregrina que chega a insultar a conhecida inteligência de quem a teve.

 

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