sábado, 9 de junho de 2012

É urgente um novo pedido de ajuda externa a Portugal

Que o palhacismo tinha invadido a comunicação social portuguesa já sabia. Mas hoje o dia está a ser demais. Não bastou ao Estado quase falido de Portugal ter decidido comemorar o 10 de Junho a 9… e 10 de Junho, com o Presidente da República a apelar a que se varressem bem as ruas de Lisboa, como os jornalistas decidiram dar um contributo forte a que seja necessário e até urgente um novo pedido de ajuda externa. Desta vez já não de dinheiro, mas um pedido de ajuda psiquiátrica.
Na TSF ouvi logo pela manhã uma reportagem sobre um alemão que vive e trabalha na Alemanha e… torce pela Alemanha no jogo de mais logo. Dificilmente encontraria uma maior negação da notícia do que esta longa reportagem que era justificada pelo título de que “alemães que trabalham em empresas portuguesas torcem pela Alemanha”. O alemão longamente entrevistado nessa reportagem trabalha num hotel em Berlim que, por acaso, é de um português. Sem comentários! Eu penso que notícia seria um português que em Lisboa trabalhasse para a BMW e torcesse pela Alemanha e não por Portugal.
Enfim. E se a TSF mostra nesta reportagem que no melhor pano cai a nódoa, a RTP, que nos tem dado bons exemplos de serviço público, entrou esta manhã numa histeria esquizofrénica moderada pelo seu diretor – meu homónimo – que resolveu gastar parte dos 300 milhões de euros que o Relvas lhe deu para pagar dívidas em Janeiro, em reportagens um pouco por todo o Mundo.
Em Inglaterra, a RTP tinha duas equipas de reportagem: uma anda atrás da tocha olímpica. Algo com particular interesse público. Mas a questão nem é essa. É que os dois repórteres (câmara incluído) terminaram uma reportagem sobre o assunto, passada ao meio-dia, mostrando-se a eles próprios a tomar chá, supostamente às 5 da tarde! Ainda em Londres, outra equipa de reportagem da RTP dedicava-se áquilo que de maior interesse público existe no jornalismo português: perguntar aos emigrantes onde vão ver o jogo de logo à noite e, claro, quem querem que ganhe! Não se vá dar o caso de trabalharem num hotel propriedade de um alemão… digo eu!
Pelo meio, viu-se uma entrevista impossível de um jornalista português que não fala ucraniano a um miúdo ucraniano que não fala português. Com ajuda de um tradutor, percebeu-se que o miúdo era apenas e só isso: um miúdo ucraniano que por ali andava e tinha uma camisola do Messi vestida. Conluia o jornalista que não gostava do Ronaldo, ripostava o rapaz que sim e que podia gostar de Messi e também do Ronaldo e ter hoje vestido, por acaso, aquela camisola. Este interesse público custou muitos minutos de televisão na RTP1 e não sei quantos euros (muitos) de aluguer de um satélite.
Podia continuar a descrever as mais variadas situações de puro palhacismo, histeria, idiotices e absolutas faltas de senso e – sempre – de notícia que não apenas a RTP mas a generalidade dos canais de TV hoje exerciam com grande vontade em antena. Mas termino apenas com a de uma reportagem feita (no meio de todo este périplo Mundial), em Viana do Castelo. Tratava-se de entrevistar um bailarino considerado (por quem?) o 17º melhor do Mundo. A entrevista termina e, no final, o pivot do diretor de informação da RTP – meu homónimo – lá remata: “o 17º melhor bailarino do Mundo é português, no futebol, temos o primeiro, ou um dos primeiros”, não fosse a camisola do rapaz ucraniano contrariá-lo!
O dia vai ser longo!

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