Sempre fui de direita. Mas admito que dentro de cada um de nós exista um homem de esquerda, como ouvi a alguém um dia. Pois não serei exceção. Contudo, mesmo que esse tentasse prevalecer, não teria hipótese de sobreviver. E a culpa é da própria esquerda. Na História de Portugal (em especial nas últimas duas décadas), a esquerda foi-se suicidando. Ou porque o seu principal partido governou à direita (PS) ou porque mais tarde se tenha tornado completamente incompetente (PS). Mas também porque a esquerda que sempre foi esquerda (PCP e BE) continua a afundar-se de forma convicta. Hoje, ao ouvir Jerónimo de Sousa dizer que PSD, PS e CDS impuseram o acordo da troika aos portugueses, pergunto-me se o PCP já tem, todos estes anos depois, algum sentido do que é a democracia. É que, se não me trai a memória, no domingo passado, 38%, mais 28%, mais 11% votaram nesses três partidos. Se quisermos, votaram no acordo com a troika. Mas não se ficou por aí o Comité Central do PCP. Na sua reunião de hoje, criticou o Presidente da República por ter apelado ao voto na véspera das eleições (coisa que sempre todos os Presidentes fazem). Segundo o PCP, Cavaco terá feito uma "pressão inaceitável sobre os eleitores que têm o direito a não votar". Ora, lembrar-se-á, como eu, que na ex-URSS que tantos anos o PCP defendeu, esse era, de facto, o único direito dos cidadãos: "NÃO VOTAR". Coerente, portanto, esta posição de uma esquerda que desapareceu, entre a incompetência extrema do PS e o delírio utópico de PCP e BE.
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