O que Sócrates está a fazer ao país é muito perigoso. Não, não me refiro  ao facto de ter duplicado a nossa dívida externa em cinco anos,  passando-a para o nível histórico de 100% do PIB. Não, não me refiro a  ter estourado com as contas públicas, a ponto de ter que chamar o FMI  para nos tirar do poço. Não, não falo do autismo que nos levou (já) a  gastar dinheiro em magalhães, TGVs e Aeroportos quando não tínhamos  cheta para pagar aos credores ou, até, ordenados aos nossos soldados.  Isso, ele já fez, não “está a fazer”. Quando digo que “Sócrates está a  fazer ao país”, refiro-me à forma como está a levar a extremos a  demagogia e a mentira nesta pré-campanha e na encenação da crise  política que nos trouxe a ela. A forma como Sócrates elaborou a sua  difícil estratégia eleitoral pode transformar-se em algo demasiado  perigoso. Sócrates partiu o país, dividindo-o em três grandes grupos. Um  grupo obediente que vive da sua máquina partidária (que durante 14 anos  misturou com o Estado). Um grupo crítico que ele conseguiu de tal forma  desinteressar pela política que já nem vota. E um terceiro grupo que  percebe o risco que o país corre se continuar mais um dia com Sócrates  como Primeiro-Ministro. O discurso de Sócrates, nestas eleições,  extremou-se numa arte que vinha desenvolvendo, arrebanhando pela  necessidade – como nunca – o primeiro grupo; excluindo ainda mais o  segundo e insultando, achincalhando e revoltando o terceiro. Eu não  acredito – nem me passa pela cabeça – que Sócrates possa ganhar as  eleições. Não acredito que o primeiro grupo seja suficiente e não me  parece que no segundo encontre suficientes distraídos para votarem em  si. Sócrates vai perder! Mas, e se ganhasse? O que Sócrates tem vindo a  fazer nesta pré-campanha deixa-nos sem resposta quanto ao futuro de  Portugal. Um Portugal que teria no primeiro grupo um mais do que  legitimado exército de inúteis agarrados já não à carne mas só já ao  osso; um segundo grupo mais excluído do que nunca e um terceiro com  níveis de revolta sem paralelo na nossa democracia. Foi com enorme  tristeza por Portugal e pelos meus filhos que vi Sócrates ganhar em 2005  e mais em 2009. Mas o cenário era então suportável para que continuasse  a trabalhar, a esforçar-me, a pagar impostos. Mas o cenário de uma  vitória de Sócrates em 2011 não me deixaria margem de sobrevivência nem  sequer qualquer vontade de ser português. E, como eu, haveria muitos,  num país partido, crispado e conflituante, cuja paz social não seria  mais possível. Sócrates é, pois, perigoso, já não apenas por ter a  enorme habilidade de destruir as finanças do País mas porque, ganhando,  seria capaz de tornar Portugal num lugar estranho e perigoso, onde o  terrorismo de Estado passaria a ser a Lei e onde a única solução  possível na consciência de muita gente passaria a residir apenas num  cenário: o do Golpe de Estado.
 
 
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