O Congresso do PS está a terminar. Vi de tudo. Vi o show. E li sobre o  assunto. Nos jornais, na internet, nos blogs, no facebook e no twitter.  O que fica então deste congresso? O “abraço”. Os “abraços”. A  “solidariedade”. A união. Mas, a quem foi dado esse abraço, a quem foi  prestada a solidariedade? Com quem esteve unido o PS? Consigo próprio.  Com Sócrates. Como o “nosso” (deles) Secretário-geral. Com o “nosso”  (deles) líder!
No momento mais triste da história de Portugal das  últimas três décadas. No momento em que o País se apercebe que nos  espera (ainda mais) desemprego, desgraça, sacrifício e até fome, o  partido do Governo (ainda), dedica-se ao “abraço” interno, à festa. Uma  festa que chegou a roçar a pornografia política, quando assistiu ao  “choro” de Sócrates. Um líder que nunca se emocionou com a pobreza, com a  forma como as próximas gerações foram hipotecadas durante a sua  governação e que nunca deixou cair uma lágrima pelos desempregados,  pelas crianças sem pão, pelos 600 mil desempegados, pela degradação da  Justiça que não julga, pela divisão na educação que não educa e pela  perda de autonomia de um país que já nem isso é de forma inteira.
Sócrates  – o que friamente estudou com o “Luís” qual o seu melhor perfil  enquanto os portugueses choravam com a eminência do seu anúncio de  bancarrota – chorou agora sorridente e feliz ao ver a história do seu  partido, a história dos seus amigos. E que amigos que ele tem. E que  imagem arrepiante, voltar a ver as figuras de Constâncio, Guterres,  Ferro Rodrigues… As lágrimas choradas pelo “líder” podem ter parecido  aos socialistas, ali sentados na Exponor, uma esperança de vitória nas  próximas eleições. Uma esperança de poderem ser eles, ainda, a lamber da  mesma gamela que o “líder” amigo lhes der depois de 5 de Junho – que  emoção! Contudo, aos portugueses, asfixiados pelo voraz apetite da  clientela socialista, as lágrimas de Sócrates foram, talvez, a maior das  ofensas de uma era que está quase a terminar.
Sócrates pode ter  tido um grande congresso masturbatório e ter achado emocionante ainda  haver quem lhe bata palmas, mesmo que o faça apenas em troco de um lugar  – já amanhã – no Parlamento ou numa Câmara Municipal. Mas o país –  completamente esquecido neste Congresso sem programa e sem ideias,  enojou-se com um show televisivo indecoroso e pornográfico a que faltou o  mais elementar respeito por quem está a passar mal: os portugueses.
 
 
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