Há algum tempo já que fico perplexo com a impunidade dos donos de lojas de chineses que, simplesmente, não emitem facturas.
É daquelas coisas que todas a gente sabe que acontece, mas ninguém diz nada nem aponta o dedo.
Em tempos de crise e de rigor de cobrança de impostos, entendo que é altura de dizer BASTA!
Fiz uma busca por notícias sobre a investigação destes casos pela polícia portuguesa e encontrei duas. Sou péssimo no Google.
Uma de 2007 que nem vale a pena referir, e uma mais recente, de 2009, no i, de 16 de Maio, assinada pela redacção, que, se me permitem, irei citar:
«"A comunidade chinesa é claramente a mais impune." Fica a dúvida se a impunidade corre por dificuldades de investigação, acrescenta um investigador, ou porque realmente não há participação em actividades criminosas. (...)
"Por cá, dedicam-se essencialmente ao auxílio da imigração ilegal." A polícia judiciária confirma que o tráfico de droga em Portugal não tem como cabecilhas cidadãos chineses, ao contrário do que se passa, por exemplo, no Reino Unido e na Holanda.
Mas se houvesse crimes, também não seria fácil descobri-los. Por cá, as investigações assentam muitas vezes em escutas, o que leva a situações verdadeiramente caricatas. Foi o caso de uma pequena rede de prostituição em que, nas escutas telefónicas, os nomes surgiam como "pequena irmã, pequena flor, ou pequena rosa", tudo nomes que não se conseguiu ligar a pessoas. (..)
Mas as dificuldades de escuta não se ficam por aqui: os inúmeros dialectos, os sons que pronunciados de forma diferente são ideias também diferentes, associados à pouca confiança que os polícias têm nos tradutores, tornam estas acções potencialmente ineficazes, inconclusivas e frequentemente impossíveis.
Um inspector policial conta que perguntou pelo passaporte a um cidadão chinês no interior de uma loja. A resposta foi um sorriso. Nova insistência deu origem a duas palavras: "Português, pouco". "Passaporte", repetiu. Mais um sorriso e o agente desistiu. Minutos depois, uma cliente perguntou se havia resguardos para tábuas de passar a ferro. "Resguardos para tábuas, desce as escadas, segunda fila, prateleira da esquerda", retorquiu. O polícia ouviu mas não voltou atrás.(...)
Em alguns casos, foi detectado o branqueamento de capitais, mas a maior parte das investigações revela-se inconclusivas. Para alguns investigadores académicos, o silêncio da comunidade e a inexistência de interacção violenta dos chineses leva ao surgimento de mitos urbanos."»
"Por cá, dedicam-se essencialmente ao auxílio da imigração ilegal." A polícia judiciária confirma que o tráfico de droga em Portugal não tem como cabecilhas cidadãos chineses, ao contrário do que se passa, por exemplo, no Reino Unido e na Holanda.
Mas se houvesse crimes, também não seria fácil descobri-los. Por cá, as investigações assentam muitas vezes em escutas, o que leva a situações verdadeiramente caricatas. Foi o caso de uma pequena rede de prostituição em que, nas escutas telefónicas, os nomes surgiam como "pequena irmã, pequena flor, ou pequena rosa", tudo nomes que não se conseguiu ligar a pessoas. (..)
Mas as dificuldades de escuta não se ficam por aqui: os inúmeros dialectos, os sons que pronunciados de forma diferente são ideias também diferentes, associados à pouca confiança que os polícias têm nos tradutores, tornam estas acções potencialmente ineficazes, inconclusivas e frequentemente impossíveis.
Um inspector policial conta que perguntou pelo passaporte a um cidadão chinês no interior de uma loja. A resposta foi um sorriso. Nova insistência deu origem a duas palavras: "Português, pouco". "Passaporte", repetiu. Mais um sorriso e o agente desistiu. Minutos depois, uma cliente perguntou se havia resguardos para tábuas de passar a ferro. "Resguardos para tábuas, desce as escadas, segunda fila, prateleira da esquerda", retorquiu. O polícia ouviu mas não voltou atrás.(...)
Em alguns casos, foi detectado o branqueamento de capitais, mas a maior parte das investigações revela-se inconclusivas. Para alguns investigadores académicos, o silêncio da comunidade e a inexistência de interacção violenta dos chineses leva ao surgimento de mitos urbanos."»
Perdão? Mitos urbanos?
Em 2009 é este o estado da investigação policial em Portugal? Não fazem escutas porque não confiam nos tradutores? Acreditam que os responsáveis das lojas de chineses não falam português?
Considero absolutamente vergonhoso o que se passa diariamente dos nossos olhos. "Facturar faz o país avançar", mas, pelos vistos, só se aplica aos restaurantes e cafés, e outros empresários que têm os impostos em dia.
Assistimos passivamente à abertura de lojas de chineses nos locais mais caros da cidade de Lisboa e um pouco por todo o país, nos locais mais centrais. É normal!
Achamos porreiro ir comprar umas tretas à loja dos chineses mais baratas e sair de lá sem factura. É normal!
Se alguma coisa que comprámos nos chineses avaria, nem sequer pensamos em ir reclamar por estar na garantia. Foi barato. É normal!
É tudo normal. Não se passa nada. E mesmo que se passasse, ninguém conseguia descobrir. Principalmente a polícia. É que isto, para eles, é chinês.
Ou será um mito urbano?
Não. É mesmo fraude fiscal. E isso já é mais do que suficiente para agir, seja em chinês, seja noutra língua qualquer.
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