Defendo, sem reservas, o direito à manifestação. Mas, numa
altura em que centenas de milhares de portugueses se veem com grande frequência
impedidos de trabalhar e centenas de empresas impedidas de exportar em nome de
direitos como os da manifestação ou da greve, não estaremos a dar aos manifestantes
direitos a mais do que os que já têm e tantas vezes se sobrepõem aos de outros?
Deixando-os passar para a “manif”, porque vão para a “manif”, e deixando na
fila quem vai trabalhar ou simplesmente passar um justo fim-de-semana à aldeia
com a família, não estaremos a – como é? – violar aquela coisa da “equidade” que
se reclama… olha, nas manifestações e nas greves?
Sempre ouvi dizer que os meus direitos terminam onde começam
os dos outros. E concordo, por mais que isso, muitas vezes, seja difícil de aplicar.
Mas numa altura em que os direitos – mesmo os adquiridos – de quem trabalha e
quer trabalhar são constantemente postos em causa e numa altura em que os
privilégios, de quem ainda os tem, são – e muitas vezes bem – questionados, não
me será legítimo perguntar à GNR que lei e critério aplicou naquela situação?
Não estaremos, um dia destes, a viver num Estado onde os direitos de alguns
poderão começar a ser confundidos com a apologia de uma certa anarquia?
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