quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Bombeiros: abnegação ou amadorismo?

Acho que todos os anos escrevo sobre isto algures. Este ano volto a lembrar que o principal flagelo do país (a catástrofe anual e certa dos incêndios florestais) continua a ser combatida por amadores, que roubam às suas vidas e profissões, alguns dias por ano para ajudar o bem comum. Sem lhes retirar mérito, a verdade é que o sistema está errado. Se há serviço que deveria ser profissional era o do combate e prevenção aos incêndios. Infelizmente, todos os anos assistimos a dez meses de gastos sumptuosos e desnecessários com corporações muitas vezes viciadas em estranhos esquemas onde entra de tudo (sobretudo o pequeno poder local) e onde o interesse público é mínimo. Depois, há dois meses de pânico, descoordenação, falta de profissionalismo e muita abnegação, que culmina numa dupla tragédia: a tragédia dos incêndios, em si, a que se junta a tragédia dos bombeiros que morrem, muitas vezes fruto de acidentes de viação. Conduzir de forma profissional não é a mesma coisa que conduzir o nosso carro em circunstâncias normais. A esmagadora maioria dos bombeiros nunca teve aulas específicas de condução em alta velocidade e/ou em condições extremas de visibilidade, estradas de terra e, sobretudo, em condições de peso excessivo, como acontece num auto-tanque. Mas este exemplo do que se passa na estrada é apenas um exemplo que serve para ilustrar uma vez mais esta realidade: combatemos o nosso principal flagelo com amadorismo sustentado em corporações que mais não são do que extensões político-partidárias ou sociais e paroquiais, obedecendo a lógicas que muito pouco têm a ver com o interesse público.

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