Esta semana impressionou-me a notícia da “restruturação” de
um grande grupo hoteleiro português. Basicamente a notícia era que a banca
estava a assumir os ativos do grupo por dívidas que ascendiam a 800 milhões de
euros. Mais de 400 postos de trabalho em causa. Não sei se a notícia era exata
ou não. E se os valores são mesmo estes. 800 milhões é aquilo que vai render o
corte nos subsídios de Natal dos portugueses este ano. Fazendo uma busca no Google,
é impressionante a sucessão de notícias sobre o senhor que lidera esse grupo.
Desde “empresário do ano”, ao facto de ter aberto três hotéis num só mês, até
às previsões de maravilhoso desempenho do seu grupo empresarial que, em
meia-dúzia de anos, se tornou conhecido e enorme. Veio-me ainda à rede uma
entrevista onde o senhor se mostra de helicóptero, como meio de transporte
usual. Todas estas notícias são de 2011. As do fabuloso sucesso e fantásticas
previsões, às da ameaça de falência! Não fico, ainda assim, espantado com as
razões da situação do seu grupo empresarial. Infelizmente, a essa ou a menor
dimensão, vou conhecendo gente a viver no mesmo registo. O que realmente me
espanta é que a banca lhe tenha emprestado 800 milhões de euros e que os –
certamente muito conhecedores – jurados de concursos nacionais e alguns
jornalistas especializados vivam bem com as suas decisões, escolhas e análises.
Com 800 milhões para estragar, qualquer um é empresário e constrói impérios e
qualquer um goza do efémero sucesso. É, por isso, preocupante que em Portugal
ainda ande por aí a reinar uma geração de empresários cujo único mérito foi
saber pedir empréstimos e uma geração de banqueiros e analistas que, no fundo,
merecem mesmo é ir ao fundo com quem ajudaram artificialmente a ter “sucesso”…
chamemos-lhe assim.
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