O amor é muito mais consciente do que a paixão. O amor é estabilidade, compromisso e é recíproco. A paixão não tem razão, é perigosa e muitas vezes unilateral. Sobretudo, a paixão não tem razão. Nos últimos tempos tenho procurado tentar perceber por que razão José Sócrates continua a atrair um número anormal de portugueses. Se não existe uma única razão que o defenda, se a relação com os portugueses é unívoca e apenas estes lhe dão não recebendo nada em troca, que motivos que mantêm acesa a chama que os liga ao engenheiro? A minha procura terminou esta noite. Enquanto Sócrates falava em direto no Telejornal da RTP durante longos minutos, atrás de si mirava-o um rosto deslumbrado de um dos seus mais fervorosos emplastros. Com o que dizia o candidato? Com a sageza com que despejava uma cassete gasta? Não, não era a razão nem sequer o amor socialista que unia aquelas duas almas. Não tendo razão, não havendo motivos para tanto deslumbramento e felicidade extrema, não havendo alimento tangível para que aquela inabalável e inalterável expressão seduzida, só poderia ser paixão. Cega, inconsciente, incoerente e irracional. Como sempre é a paixão, destrutiva. Mas paixão.
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