quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Entrevistas pornográficas e as eleições no Sporting

Braz da Silva foi capa de quase todos os jornais. Contrariando aquilo que seria normal, chegou mesmo a ser capa de dois semanários em duas semanas consecutivas, não havendo notícia relevante no segundo que pudesse sequer justificar um quarto de página. Braz da Silva caiu de pára-quedas como candidato à presidência do Sporting e saiu de trotinete, hoje, em nota de rodapé a fechar hoje um noticiário radiofónico. Não quero saber de Braz da Silva, pessoa possivelmente respeitável. Nem quero saber do Sporting, clube do qual não sou adepto. Mas preocupa-me que o País assista de forma tão passiva à deterioração profunda e transversal do jornalismo (ou dos jornais, se preferirmos). No tempo em que eu era jornalista, o tipo de entrevista que vi fazer a Braz da Silva em praticamente toda a imprensa nacional, quase sempre com direito a manchete, tinha um nome pornográfico que não posso reproduzir aqui. Contudo, para a forma como a mesma imprensa assobia para o lado no momento em que, afinal, o candidato, afinal, era coisa nenhuma, ainda não tem classificação. Num País em que apenas cinco dos seis candidatos à Presidência da República têm direito a entrevistas e debates televisivos, em que há cidadãos que não podem votar e em que a imprensa já a actividade jornalística se perdeu numa esquina a favor de interesses inconfessáveis ou talvez não, já não sei onde pára a democracia.

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