A notícia foi dada esta manhã em tom fúnebre: “as escutas que envolviam José Sócrates foram destruídas. Ao acto assistiram apenas o Juiz de Instrução e um funcionário judicial”.
Não sei porquê, veio-me à ideia a execução de Sadam Hussein. A notícia foi muito semelhante e dada no mesmo tom. E também não soubemos com antecedência. Ninguém nos tinha avisado que era o dia do enforcamento.
Num e noutro caso, pensaram os executores que estava assim arrancada a erva daninha que ameaçava contaminar todo um país. Contudo, no caso do Iraque, a morte de Sadam não trouxe a paz e muito menos resolveu os problemas criados pelo ex-ditador.
As escutas a Sócrates poderiam ser inócuas do ponto de vista processual. E não me custa admitir que fossem mesmo ilegais. Mas, tal como aconteceu no Iraque, dificilmente a sua destruição espia pecados e pecadores.
Por mais que a queiramos contrariar, a História é implacável e, dentro de décadas, saber-nos-á contar com mais rigor, distanciamento e sem tantas esponjas o que continuou a acontecer no Iraque pós Sadam, e no Portugal pós escutas de Sócrates.
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